19 de abril de 2010

Carta em desespero.

Até quando permitirei que o meu eu viva na condição de sofrer? Por quanto mais tempo é necessário para que minhas lágrimas parem de jorrar tendo ele como principal motivo? Onde foi parar meu amor próprio se é que um dia vivi na condição de tê-lo? Não sei mais o que faço com os restos de migalhas se todos os esforços que fiz para reconstituir-me fracassaram.
Exagero é meu segundo nome, ilusão o primeiro, nessa mistura me embriaguei do veneno mais forte. De tudo que de mim foi dado, das palavras lançadas, das noites em claro e do amor gasto, o que tive em troca foi à piedade, pior sentimento que já conheci. Antes o ódio completo ou o fragmento de um amor, ou tivesse caído no vão do desprezo do que na traiçoeira piedade. Mas porque mesmo sabendo da dor de tal sentimento continuo querendo-o provocar nele? Será que antes saber que ele tem po mim ao menos a piedade do que sentimento algum? Ou é uma tentativa de fazê-lo sentir culpado? Mais culpado de que? De não poder me amar? Não sei se jogo na maldição ou na benção o dia em que o conheci.
Sinto-me a ponto de entrar em estado de total loucura, me agarro ao mínimo de sanidade que a mim ainda resta. Conformaria-me com um afago dele que fosse, mas outra é contemplada com esse meu querer, outra o tem, o beija e abraça, tem aquilo que me foi negado, e é essa negação que me tira a paz. A duvida de querer saber: o que me falta pra que ele não queria ficar ao meu lado?
Deus! Tem piedade dessa pecadora que a ti pede misericórdia. Não sei por quanto tempo ainda sou capaz de suportar...

Madrugada fria e insuportável de 14 do mês de abril de 2010.

2 comentários:

  1. Que diria um outro poeta?

    Experimenta a dor em si,
    Até enlouquece um tempo,
    Voltar à certeza da vida,
    Pela certeza da morte e,
    Abrigar-te sob o Sol seguro...

    Pedro Torres

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  2. Ao ler essa carta, veio a minha mente aquela música do Cazuza, "Exagerado", principalmente aquela parte: "...te trago mil rosas roubadas..." Sei que não há nada de exagero nas tuas palavras, mas talvez a melhor referência para o que sentimos e vivemos seja mesmo a expressão estética que acontece no instante seguinte ao sofrimento... Obscuro? Ouça a música e acho que vai entender... De qq forma, que essa nuvem passe. Bjs

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