Tenho um angustia em mim que parece não cessar, uma dor que
dilacera o mais profundo pensamento e o silêncio da solidão noturna. Pergunto-me
quem sou e o que fiz para não conseguir manter nada nem ninguém ao lado, porque
me acostumei mais com a despedida do que com o prazer de poder zelar por um
sentimento. Entreguei-me de mais, amei de mais, fui mais pra os outros do quê
quem seja fosse pra mim. Fiz e faço o que esteja ao meu alcance pra poder fazer
feliz quem eu quero, eu liberto o que amo na tentativa de ter do meu lado,
mas...
Será que aprender a ser egoísta não seria a saída? São coisas
simples do dia-a-dia que fazem falta, são gestos, palavras, ações, é chegar a
noite e ter pra quem ligar, de quem receber mensagem, é ter a quem pedir
socorro em hora de dor como agora. Eu sinto a ausência de ombros presentes, de
brigas perdidas, do tesão da reconciliação, de poder falar sem ter que policiar
minhas palavras, de poder dizer que amo...
Eu decidi ser a “mulher de atitude”, ser dona de minhas
responsabilidades, resolvi dá a cara a tapa pra vida e fazer aquilo que minha insensatez
e minhas loucuras queriam, só esqueci de trabalhar o lado ser só, esqueci que
quando se faz uma escolha se perde outra parte, mas eu juro que também
acreditei poder ser legal esse lado do “amor
livre...”, não fui aceita, não fui entendida, não fui abraçada, o medo dos
outros para comigo é constante e anda ao lado, ali, sem deixar que ninguém
fique, que se aproxime, que decida entender quem eu sou de verdade e o que eu
quero. É cuidado, é carinho, é atenção...
O peso da solidão é atormentador, enlouquecedor, corroí as
horas, os cantos da cama, queima no peito e dói na barriga. E tudo se enche e
transborda pelos olhos, como agora. O quarto parece um abismo no qual caiu sem
nenhuma perspectiva de encontrar algo sólido e seco pra poder me proteger. No fim
sou eu, o que eu criei e o que eu decidi ser contra aquela que insistentemente persiste em se mostrar dentro de mim.
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