19 de janeiro de 2012

Para V. Vieira.


Nos segundos de cada respiração da qual se inspirava ao velho conhecido perfume eu consegui esquecer totalmente que a menos de uma semana atrás aquele a quem eu estava possuindo em forma de cheiro tinha me feito chorar descontroladamente. No breve movimento dos lábios dele me perguntando como eu estava senti vontade de me despir e ser possuída ali mesmo, dentro do carro, com as portas abertas, com o som de “Time After Time” que vinha do rádio ligado. Tive vontade de dizer que senti saudade, desejo, tesão e até um pouco de ciúme. Que imaginei, desejei, procurei, sonhei e quase o vi com outra(s) e deixei esses pensamentos corroerem qualquer/toda lembrança boa da intensidade vivida na última noite que colamos nossos corpos nus durante uma madrugada inteira. Ainda abri a boca pra falar que ele parece ficar mais novo a cada sorriso dado, mas antes disso pude o ouvir dizer que MEU sorriso é encantador. Todo ciúme tinha me feito esquecer como as palavras dele são macias, com cheiro de algodão doce e gosto de água com limão. Se ele soubesse como naquele momento fiquei mole e caída teria me pego pelo braço e levado embora, eu teria ido pra todo e qualquer lugar com ele. Junto de tudo veio as lembranças da última conversa, ele falava, e eu só conseguia repetir a palavra INTENSIDADE, INTENSIDADE, I N T E N S I D A D E...  Esqueci das lágrimas que derramei, das palavras que ouvi, das coisas sem nexo que falei, as lembranças do nosso último prazer era o que dominava meu (IN)consciente. 

Deixei ele falar tudo que queria, que tinha, que podia... Sentia a ponta dos dedos dele percorrendo meus braços e encontrando os meus dedos, as cores misturadas sempre ficam lindas, preto com branco. Olhei pra o rosto, vi o sorriso. O resto eu não lembro... Ele é sedutor, é encantador, é sexy e lindo. É LINDO. Gosto das pernas dele, da pele dele, do cinto que ele usa, da camisa pólo, da impressão que os braços dele me dão de que ali não tem pêlo, gosto de escorregar pelos olhos dele e cair na nuca, gosto do pequeno espaço entre o nariz e a boca dele, passar a língua naquele “ocinho de homem” que ele tem no pescoço, gosto do bico que ele faz enquanto emenda as sobrancelhas e joga o olhar pra distante na expressão de dúvida que só vem dele, gosto do peito, dos braços e até do pêlo da axila. Tudo me parece poético. Ao lado de todo esse conjunto eu me sinto pisando em área movediça, em chão de mar, em nuvem, em algodão, me sinto em uma terra que parece ser conhecida, mas que mesmo assim ainda me propicia curiosidade de me envolver em tudo de novo, e novo, e novo...  E daí depois de tudo já esqueci de toda e qualquer raiva, foi só sentir os lábios colando no meu, rápido e intenso, intenso, intenso...

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