b.g.c
"A gente não percebe o amor
Que se perde aos poucos sem virar carinho
Guardar lá dentro o amor não impede
Que ele empedre mesmo crendo-se infinito
Tornar o amor real é expulsá-lo de você
Para que ele possa ser de alguém"
Quando eu penso que esqueci vem às lembranças daquele
sorriso e do carinho perdido entre minhas crises de ciúme. Como será que ele
está? Como será que ainda sorri, o que come, como tem se vestido, o corte do
cabelo ainda seria o mesmo, o pedal ainda é frequente? O perfume... eu lembro
do perfume como se ele ainda tivesse aqui nos meus braços. Só Deus sabe tudo
que eu seria capaz de fazer pra poder tê-lo novamente comigo, por um dia, por
algumas horas, pra sentir prazer de manhã assim que acordássemos. Depois dele
descobri todas as formas traiçoeiras de amores levianos, descobri o sabor de
não ter, de não conseguir, de me conformar com a vontade e o sabor da lembrança,
quando na verdade o que se quer é o sabor de alguém na boca, aquele alguém a
quem eu cheguei a pensar no fim por não poder ter por perto. Só eu sei o quanto
eu senti, o quanto eu fui capaz de arriscar, de enlouquecer e sufocar na esperança
de ter mais um pouco do que não foi nada de meu além dos gemidos e do me nome
dito na cama de solteiro. Eu gostava da chuva que caia e do silêncio que fazíamos
com o intuito de ouvir o infinito. Como me arrendo de não ter feito o que não existia
pra ter tornado-o naqueles pingos e levado para sempre em todos os lugares. Eu sei
que era amor, o mais puro e mais intenso. Lembro-me da primeira noite, que
toquei na pele, MEUDEUS como aquilo foi mágico!! Tocava Nando Reis, garoava na
madrugada, o ouro no dedo reluzia mostrando o erro no pecado provocado, mas
deixei tocar o peito com a ponta da língua, dali senti que seria pra sempre... E é. Não consigo
lembrar sem dor e sem vontade de ter de novo, saber dos votos eternos que foram
feitos a outra pessoa é atormentador... eu poderia ter sido essa pessoa, estava
disposta a tudo e qualquer coisa pra viver aquilo até os últimos dias da minha
vida. Ninguém mais foi cúmplice de tudo que eu senti e sofri por aquele amor, E
EU SEI QUE FOI AMOR!!!
O tempo foi cruel com as nossas lembranças e deixou
apenas eu como portadora do relicário da nostalgia, acho que tal sentimento só é
vivido por mim. Será que ele engordou? Conseguiu alcanças o estágio de
felicidade que ele queria? Conseguiu trocar de carro e guardar mais animais
perdidos da madrugada? Lembro-me dos filmes, do sono no meio deles, das tardes
de chocolate e gozo, do aniversario destinado a nós dois, do macarrão com carne
moída, da geladeira com água quente, da mesinha de madeira onde foi feito sexo,
do chuveiro frio onde foi feito amor, o primeiro olhar, a mão no bolso e a
tentativa de esconder o inevitável, as mensagens, caronas do medo da chuva, os
abraços tendo o medo do relâmpago como pretexto, a primeira noite naquele motel
com cheiro de tamarindo, os caminhos que deixávamos perder para poder se
encontrar um no corpo do outro, a gente viveu em um ano a vida da gente, do
jeito que nos foi permitido.
Eu o amaria mil vezes mais, sofreria se fosse preciso, e
chorava tudo que tenho chorado agora se assim fosse necessário, só pra poder
ter mais uma vez e viver tudo isso de novo, eu fui a pessoa mais feliz do
mundo. Fomos amigos, cúmplices, amantes, amados, irmãos, família, sonhadores,
mas antes de tudo fomos extremamente felizes! E posso dizer PEQUENO, EU AMO
VOCÊ! E assim será pra sempre, mesmo na distância, no silêncio, na incerteza,
no nada, o que foi uma vez será pra sempre.