15 de julho de 2012

"Odara!"


Eu te possui com os olhos, te engoli as palavras, cheirei tua pele de longe, toquei no pelo dos teus peitos e até deixei o corpo queimar de desejo. Desejo de pele, de saliva, de sabor, desejo de prazer, de realização, de conhecimento, de música, de poesia, de luz... e quanto luz que vem de você!
Tem coisas que transcendem o que é possível viver aqui, a gente se entrega no movimento do lábio e na velocidade da respiração. Meu corpo entregou; os movimentos bruscos, as palavras aceleradas, as pernas que apontavam uma direção. São coisas que se sente e não explica, não sei exatamente em que ordem, mas os poemas falaram por si, as respostas pareciam automáticas, os olhares pareciam responder ao sujeito oculto da oração. Alguma coisa parecia conspirar praquilo tudo. Mas eu queria era rasgar o fecheclair, beijar a boca, provar da língua, exagerar na mordida, possuir os pelos, puxar os cabelos, gemer de dor, prazer, excesso, lamber o suor do braço. Mas eu só olhava os dedos, media a mão, chegava a sentir a ponta de tudo roçando entre meus joelhos, acredito (e acreditei) ter sido tal veleidade de mão única, uma ilusão provocada pelo êxtase provocado pela injeção das substâncias ilícitas, o álcool nos leva a loucura e a fantasia. Se foi fantasia eu sei que ela permitiu sentir, provar, sonhar e continuar a desejar. Até agora, até quando tiver que ser e deixar possuir, até a última gota, até o último pó... que dará!

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