E vai chegando essa data de idade nova e minha consciência
vai fazendo uma análise do rumo que minha vida tomou durante esse ano, e como não
podia ser diferente recorro à escrita para poder organizar essas ideias.
Posso afirmar que esse foi o ano do divisor de águas da
minha vida. Dias de decisão, dores, escolhas e consequências, foi o ano que
escolhi para cuidar de mim e olhar única e exclusivamente para mim, o que
implicou em dizer que consequentemente fiz algumas pessoas sofrerem. Resumia
meu mundo a satisfazer a vontade dos outros, a submissão dos meus desejos em
pró das vontades e felicidade de duas pessoas que sempre foram prioridades para
mim, mas tinha esquecido (ou nunca aprendi na verdade) durante todo esse tempo
de que nós só podemos fazer outra(s) pessoa(s) feliz a partir do momento que
estamos felizes e realizadas, não era esse sentimento que me dominava, eu era
impulsionada pelo sentimento de culpa e obrigação, do quê eu nunca soube
explicar...
Larguei tudo e decidi enfrentar a vida, a procura de uma
felicidade que ainda me parece utópica, fui a busca de uma liberdade que eu
ainda não senti totalmente e tenho tentado encontrar um paz que não conhecia, a
paz interior. Entrei em crises existenciais que pareciam eternas, senti a dor
do abandono em carne viva, pulsando dentro de mim e mostrando que o processo de
conquista e aceitação é complicado e difícil, a dor faz parte do
amadurecimento. Fui julgada, condenada, massacrada, pisada e tachada como
inconsequente e ruim o que aumentava a dor do meu íntimo e a dúvida: qual
caminho eu tomei?
Tive que causar dor ao ser que eu mais tentei proteger da
dor, levei sofrimento para a pessoa que eu mais amo, aquela a quem dedico minha
vida, a quem por muitas vezes apaguei minhas vontades para poder realizar as
suas, o maior motivo de minha garra e meu maior exemplo, minha mãe! Precisei
colocá-la diante da dor de ver as malas prontas para poder ir em busca de um
cuidado pessoal que até em tão eu não conhecia, sei que ela até hoje não
entendeu, mas aceitou e me apoiou e sou grata a ela por isso.
E na hora que pensei que nada mais me pudesse acontecer cai
de pára-quedas na vida de 12 serzinhos lindos e carinhosos, onde eu pude ver
novamente a inocência e a esperança da forma mais pura e verdadeira que
poderia, eles me trouxeram uma esperança desmedida e assombrosa, a experiência
mais emocionante que pude viver até hoje. Recebi a confiança de duas pessoas
que acredito terem sido anjos enviados para minha vida, como forma de mostrar
que nada tava perdido e que se eu quisesse eu era capaz, eu quis, eu fiz e
espero que tenha superado as expectativas, eu sei que dei meu melhor.
Em linhas gerais posso resumir esse ano à força, garra e
determinação. Eu quis, eu me joguei, eu tentei e, em parte, consegui. O caminho
que eu tanto queria fazer, o cuidado especial que eu queria poder ter por mim,
o amor próprio que eu tanto procurava tem aparecido, tem acontecido e tenho
vivido, entre trancos e barrancos tenho me superado e mostrado a mim mesma que
posso e que eu sou capaz de muito mais. Quando eu penso que minha cota esgotou
consigo me levantar e fazer de novo por onde valer a pena, pra poder por fim
dizer a mim mesma que eu tentei e que se não deu certo é porque não era para
mim.
E que eu possa contar com todos que contei até agora, que
posso ser abraçada pelo amor sincero, que eu continue a dar o meu melhor em
tudo e que eu possa sorrir meio as lágrimas, tenho mais um ano pela frente para
poder tentar fazer diferente novamente, não posso e não vou desistir agora.
Parabéns para mim!
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